domingo, 16 de junho de 2013

ARRASTÃO DO PAVULAGEM LEVA MULTUDÃO PELAS RUAS DE BELÉM

Centenas de pessoas foram até a Escadinha da Estação das Docas, em Belém, neste domingo (16), para o primeiro cortejo de 2013 do grupo "Arrastão do Pavulagem". Realizado há 26 anos na capital paraense, o percurso começa com o boi-bumbá azulado desembarcando do cortejo fluvial na escadinha, depois segue pela avenida Presidente Vargas até a Praça da República, onde o público se reúne para cantar os sucessos da banda, que se apresenta e traz convidados.
Os brincantes se enfeitam com chapéus de palha com fitas coloridas e seguem pela avenida ao som de ritmos de quadrilha, xote e retumbão. Com o passar dos anos, a programação acabou se integrando às comemorações juninas de Belém.
A jornalista Dede Mesquita estima que participa do cortejo há mais de dez anos. Ela conta que o faz com uma emoção muito grande. "Ficaria, com certeza, bem triste, se não pudesse participar a cada ano. Na verdade, tenho mesmo vontade é de pegar as barricas, as maracas e participar mais ativamente. É lindo ver o Batalhão das Estrelas", diz.
Para Dede, um dos momentos mais bonitos do cortejo é quando os brincantes levantam os chapéus e balançam as fitas coloridas para cima. "É lindo. Eu sei que tem bois em outros lugares do Brasil e até do Pará, mas essa forma do Pavulagem de utilizar ritmos como o retumbão, o carimbó e a toada de boi é que fazem desse boi algo muito especial. Domingo, estarei lá para acompanhar, mais uma vez, o arrastão das iniciais BP, Boi Pavulagem".
Participar do arrastão, especialmente pelo motivo cultural, é de extrema importância para o multimídia Arthur Farias. "Dançar e cantar as músicas nossas, da terra, e, principalmente, trazer as pessoas para a rua e manter contato com a nossa cultura. O arrastão para mim trouxe motivos para tornar junho o melhor mês do ano, o mais alegre e entusiasmado", afirma.
Arthur acompanha o cortejo somente há dois anos, mas em 2012 já fez parte da comitiva de puxadores do arrastão. "Eu participo do grupo dos pernaltas. No cortejo, primeiro vem dança, depois vem o boi, atrás a percussão, e os pernaltas por último. Com pernas e pau e a cara pintada, a gente busca trazer a alegria circence para os brincantes", explica o multimídia, que lamenta não ter ido neste domingo, mas se planeja para ir em todos os cortejos seguintes deste ano. "Estou triste porque queria ter ido hoje mesmo sem poder subir na perna de pau e maquiar alegria no rosto, pelo simples fato de estar pertinho do coração da cultura da gente".
Este ano, uma tradição do arrastão foi apresentada de forma diferente. A cerimônia dos mastros de São João, que até 2012 eram erguidos e fincados na chegada do primeiro cortejo junino à Praça da República, ocorreu na última quinta-feira (13) durante o Ensaio Geral para o arrastão, na Praça dos Estivadores, em frente à sede do Instituto Arraial do Pavulagem. Os mastros serão derrubados na saída do último cortejo, marcado para o dia 7 de julho, e seguem com o cortejo até a Praça da República.
A evolução do Arrastão
Junior Soares, um dos fundadores do Arraial do Pavulagem, explica que o "Boi Pavulagem do Teu Coração", nome pelo qual o Arrastão era chamado, acontecia na área da Praça da República, e servia para chamar as pessoas para o show da banda do Instituto.
"Arraial é o lugar onde o Boi vai dançar. Então mudamos o nome para 'Arraial do Boi Pavulagem'. Com o tempo, fomos expandindo os ritmos e já tocávamos não só boi-bumbá, mas retumbão, quadrilha, xote, e a palavra 'boi' acabou sumindo, até que chegamos ao 'Arraial do Pavulagem'", relembra.
A praça ficou pequena para o número de participantes e o cortejo começou a passar por outras ruas de Belém. Soares destaca a preocupação em sempre manter um diálogo com o público, para que a população ajude a resguardar a tradição.

"É muito bonito de ver as pessoas se envolvem emocionalmente, e sempre ressaltamos que é preciso haver uma compreensão de que os festejos são realizados em lugares públicos então, não pode sujar, não pode deixar lixo, nem destruir as coisas. É até uma questão legal, para que a gente possa continuar fazendo o Arrastão todos os anos", explica.