Um deputado condenado
por corrupção pode se tornar o primeiro a ir para a cadeia desde a
redemocratização do Brasil. O Supremo Tribunal Federal determinou a prisão de
Natan Donadon, do PMDB de Rondônia, que foi condenado em 2010 por peculato e
formação de quadrilha.
O
Supremo Tribunal Federal rejeitou os recursos, os chamados embargos de
declaração, por oito votos a um.
“Eu
proponho o imediato reconhecimento do trânsito em julgado. Determinando o
lançamento do réu no rol de culpados, a expedição do competente mandado
de prisão”, declarou a ministra do STF Cármen Lúcia.
Natan
Donadon foi condenado por peculato - crime praticado por funcionário público
contra a administração - e formação de quadrilha. Segundo o Ministério Público de
Rondonia, quando era diretor financeiro da Assembleia Legislativa do estado, na
década de 1990, Donadon participou do desvio de R$ 8,4 milhões, que, atualizados,
chegam a R$ 58 milhões. O dinheiro era desviado por meio de contratos forjados
com uma agência de publicidade fantasma.
O
deputado Natan Donadon foi condenado, em outubro de 2010, a 13 anos e quatro
meses de prisão. Ele vinha aguardando o julgamento dos recursos em liberdade e
exercendo o mandato na Câmara dos Deputados. Natan Donadon é o primeiro
deputado em exercício a ter a prisão decretada pelo Supremo Tribunal Federal,
desde a Constituição de 1988.
No
gabinete, só os funcionários trabalhavam. O deputado não apareceu. O advogado
dele ainda pretende pedir uma revisão criminal.
"O
único remédio cabível no que diz respeito à pena imposta e à
situação da liberdade dele é uma revisão criminal perante o próprio Supremo
Tribunal Federal", afirma o advogado Nabor Bulhões.
Em consequência da decretação da prisão, a Câmara abriu o processo sobre a perda do mandato de Donadon. O processo não impede a prisão do deputado.
Em consequência da decretação da prisão, a Câmara abriu o processo sobre a perda do mandato de Donadon. O processo não impede a prisão do deputado.
“O
deputado terá o direito de na CCJ de apresentar a sua defesa de forma ampla e
isso acontecendo no prazo de cinco sessões, será levado imediatamente ao
plenário para decisão acerca do seu mandato”, explica o deputado Henrique
Eduardo Alves, presidente da Câmara.
Para
o procurador-geral da República, a rejeição dos recursos do deputado pelo
Supremo pode ser um precedente para o caso do mensalão. Quatro deputados foram
condenados: João Paulo Cunha, José Genoíno, Valdemar Costa Neto e Pedro Henry.
“Eu
acho que, sem dúvida nenhuma, na verdade, neste caso, nós estávamos
diante já dos segundos embargos declaratórios e há uma jurisprudência
tradicional do Supremo nesse sentido. Eu até acho que seria possível isso, no
caso do mensalão, até antes, mas o que importa é que sem dúvida as
conclusões a que chegou o Supremo Tribunal Federal nesse caso deverão ter
repercussão no caso da ação penal 470. Nesse sentido de não admitir expedientes
meramente protelatórios, de não admitir recursos que na verdade não objetivam,
digamos, a modificação da decisão, objetivam tão somente prolongar,
prolongar, prolongar e adiar a execução da decisão, o cumprimento da decisão
plenária do Supremo Tribunal Federal”, comenta Roberto Gurgel, procurador-geral
da República.
Na
noite desta quarta-feira, agentes da Polícia Federal chegaram ao prédio onde o
deputado mora, em Brasília. De madrugada, em Porto Velho, o irmão de Donadon,
Marcos Donadon, que é deputado estadual, foi preso, acusado de envolvimento no
mesmo caso.